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Sobre agentes de governança e de gestão

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Um ponto me chama a atenção na governança das organizações e tem a ver com um comportamento comum em empresas familiares. É a dificuldade frequente em reconhecer a existência de agentes de governança e de gestão. Sim, muitas vezes essas funções são realizadas por diferentes membros da família ou podem estar mescladas numa mesma pessoa. É a velha história dos chapéus diferentes num mesmo ser humano.

Como fundador, acionista ou conselheiro o integrante familiar é um agente de governança. Em linhas gerais, a principal função desse agente é direcionar a empresa e a macro estratégia, explicitar e praticar os valores e checar o cumprimento desses direcionadores e os resultados. Já como dirigente executivo (CEO, C-level, gerentes e demais gestores), a função é claramente planejar a execução da estratégia, executá-la para cumprir metas e reportar aos agentes de governança.

E quando algum desses agentes deixa de executar seu papel? Como é que fica? Vamos ver quando um agente de governança (acionista, ou conselheiro em nome deste) deixa lacuna. Nesse caso, é bem possível que a visão do dono deixe de ser explicitada a partir da “fonte”. Essa “visão” tem a ver com o porquê da organização, o propósito, a linha de ação estratégica, valores, que emanam de quem a constituiu.

 

Nesse cenário, duas coisas podem acontecer. A primeira é não acontecer nada e ficar “por isso mesmo”. A segunda é alguém assumir esse papel. Na primeira situação, entre os funcionários pode-se instalar uma ausência de direcionamento e gerar a sensação de “para quê estou aqui mesmo, além de receber meu salário?”, o que é bastante inadequado para uma gestão ágil e baseada em confiança.

 

Na segunda situação, quem assume o papel costuma ser alguém da gestão, como o presidente, diretor executivo ou cargo equivalente. Mas esse agente terá que suprir uma lacuna que não é dele e corre o risco de tomar uma direção não desejada pelo dono, assumir mais do que deve ou assumir menos do que deve, por exemplo.
Nenhuma dessas situações é interessante.

 

E no caso de sobreposição de funções dos agentes de governança e de gestão? Sinal de falta de clareza nos papeis e nas responsabilidades. Nessa situação, pode passar a ideia de direcionamento conflituoso ou de ações emanadas “de cima”, porém, desarticuladas, quando não contraditórias. Assim a produtividade é prejudicada, e o clima interno e a crença na organização são negativamente afetados.

 

Quem perde com essas situações: todos, do cliente ao acionista, do colaborador ao fornecedor.

 

Organizar a governança como um conceito, com papeis, práticas e estruturas separadas da gestão, não é complicado. Como tudo, começa-se devagar e segue-se em frente metódica e evolutivamente.

Voltaremos ao tema! 

MARCO ANTONIO F. VILLAS-BOAS

  • Sócio DMS, mestre em administração, engenheiro, mentor, consultor e professor.

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