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Investimento em Combustíveis Renováveis: realidade e oportunidade parte 2


Alberto Barriga – Sócio Sênior da DMS PARTNERS


Em plena evolução:


Com o advento de novas tecnologias, utilizando catalisadores especiais e hidrogênio, surgiram as “minirrefinaria” de hidrotratamento de óleos vegetais e animais, gerando Biodiesel verde emQuerosene verde, que podem ser consumidos isoladamente (“drop-in”) ou em misturas com diesel ou querosene de origem fóssil. São produtos de elevada qualidade, alta estabilidade no armazenamento, melhor fluidodinâmica para uso em motores diesel. Os principais produtos gerados são denominados HVO (Hydrotreated Vegetable Oil, 100% renovável) e o SAF (Sustainable Aviation Fuel, o querosene de aviação, 100% renovável). Nestas unidades de hidrotatamento também originam naftas verde (matéria-prima petroquímica ou aditivo para gasolina), propeno verde e GLP verde, estes últimos em menores proporções. Todos esses produtos são gerados simultaneamente. O hidrotratamento remove o enxofre e produtos aromáticos, resultando um hidrocarboneto de base parafínica com mais elevado número de

cetano, o que melhora a desempenho do motor diesel. Quanto ao SAF obtido, de origem de bons licenciadoras originam bons resultados de modo a atenderem a especificação IATA.


De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), a produção global de combustível HVO em 2022 foi de 39,1 bilhões de litros, enquanto que a demanda mundial de diesel foi de 4,9 trilhões de litros representando apenas 0,08% da demanda mundial de diesel. Estima-se para 2030 a produção de 100 bilhões de litros. Para o SAF, para o mesmo ano de 2022, a produção girou em torno de 300 milhões de litros, apenas 0,1% da demanda total de querosene, de acordo com a IATA. Esses dados nos levam a ver o potencial de crescimento de ambos renováveis com a participação intensa do Brasil devido a termos grande potencial na produção de matéria-prima renovável e sua diversificação. À medida que avançamos nossa maturidade tecnológica, aumentamos o espectro nas opções de consumo de matérias-primas de bioenergéticos – biomassas geradas através da fotossíntese – utilizando-se materiais orgânicos de origem vegetal, animal, resíduos florestais, agrícolas, resíduos industriais e domésticos.


Os principais bioenergéticos utilizados irão depender da oportunidade do custeio junto à unidade de hidroprocessamento e as características agrícolas da região, logística de

transportes, mão de obra, clima, da qualidade do solo, rendimentos dos teores de óleos por hectare, assim como a maturidade tecnológica da empresa fornecedora do “know-how”. Hoje, no Brasil, como principais fontes de óleos temos o óleo de palma, de canola, de girassol, de milho, de soja, entre muitos outros que se apresentam a cada dia.


Etapas básicas de produção em uma unidade de hidrorrefino (“minirrefinaria”) para a

produção de HVO e SAF a partir de óleos vegetais e animal:


  • Pré-tratamento: A matéria-prima é pré-tratada para remover impurezas e armazenada em tanques para posterior envio ao processo de hidrotratamento.

  • Hidrogenação: A matéria-prima é enviada à unidade e tratada com hidrogênio produzido na própria unidade, em alta temperatura e pressão para converter os seus componentes em hidrocarbonetos limpos, removendo contaminantes e melhorando a cadeia carbônica. O hidrogênio utilizado poderá ser verde (H2V) ou gerado a partir de hidrocarbonetos ou mesmo a partir de gás natural.

  • Separação: Os hidrocarbonetos são separados da água ácidas gerada, que são tratadas para remoção dos contaminantes como o oxigênio, nitrogênio, água e enxofre, sendo este último produzido na planta e fornecido ao mercado.

  • Purificação: Os hidrocarbonetos limpos são separados e enviados ao armazenamento final para expedição ao mercado.

Empresas Licenciadoras de Hidrotratamento: Existem, no mundo, várias empresas para a produção de HVO e SAF que são cadastradas em órgãos certificadores como a ASTM, IATA, CEN entre outros. Seguem abaixo as principais empresas:


  • Topsoe (Dinamarca): líder global em tecnologias de redução de emissões de carbono,

  • Honeywell/UOP (EUA): empresa de variadas tecnologias,

  • Shell (Países Baixos): empresa de energia destacando também a tecnologia Hydroprocessed Esters and Fatty Acids (HEFA),

  • BP (Reino Unido): empresa de energia que oferece tecnologias para a produção de HVO e SAF, incluindo a tecnologia Fischer-Tropsch (FT).

  • Croda International (Reino Unido): empresa de especialidades químicas que oferece tecnologias para a produção de HVO e SAF.

  • Axens (França), Neste (Finlândia), a Verbio (Alemanha) e a Eni (Itália) entre outras.

A lucratividade dessas plantas de HVO e SFA varia de acordo com os custos operacionais, facilidade de obtenção de matéria-prima de menor custo, da logística, da produtividade, da mão de obra, da disponibilidade, que são diferenciadas por região de implantação, eficiência do processo de produção e custos de manutenção. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA) a lucratividade gira em torno de 20 a 50%, sendo que as plantas mais direcionadas a produção de HVO são mais estáveis economicamente que as de SAF. Diminuem os custos a utilização de resíduos de biomassa, o aproveitamento de óleo de cozinha entre outras oportunidades. No Brasil, as regiões Sul e o Nordeste, tendem a apresentar maior lucratividade. No geral, a lucratividade da planta de HVO e SFA é considerada promissora especialmente em países com metas de descarbonização da matriz energética como no Brasil que tem elevado grau de renovabilidade. No geral, o retorno do investimento em biodiesel é

considerado positivo, com taxas de retorno entre 10% e 20% ao ano.


Conclusão:


Os investimentos em HVO e SAF no Brasil apresentam um grande potencial de crescimento com significativa rentabilidade, visto a preocupação mundial com as mudanças climáticas. Precisamos agilizar a regulamentação de marcos regulatórios com políticas de incentivos governamentais, facilitando a introdução de novas plantas de produção de renováveis e sua cadeia de distribuição ao longo do Brasil, através de adequada segurança jurídica para novos investimentos, facilitando a produção e comercialização renováveis que apresentam previsões de demandas crescentes. Considerar as bases potenciais já instaladas de insumos agrícolas e de expansão e diversificação no consumo de biocombustíveis na cadeia dos potenciais futuros

consumidores.

Considerar um plano de crescimento para o Brasil como um ator-chave de renováveis, sem impactar a produção de alimentos, considerando o modelo passado de aprendizado já estabelecido com ações do "Proálcool", assumindo crescimento econômico e de geração de emprego. Fazer uma política equilibrada para se obter previsibilidade nos planejamentos financeiros junto aos investidores dando possibilidade de se realizar os ajustes, quando necessário.

O Projeto de Lei 4516/23 dos “Combustíveis do Futuro”, no momento em discussão no

Governo Federal e Congresso, se estão definindo as diretrizes básicas para a implantação do setor de energias renováveis para o biodiesel no Brasil.


Conte sempre com a assessoria do time de Sócios Seniores da DMS PARTNERS ,

especializados nas mais diversas áreas funcionais, indústrias e tecnologias.


Glossário:


ASTM - American Society for Testing and Materials,

Biodiesel - é um combustível derivado de biomassa, obtido a partir da reação de óleos vegetais ou gorduras animais com um álcool. Esse processo é conhecido como transesterificação,

CEN - European Committee for Standardization,

ESG - Sustentabilidade Ambiental, Social e de Governança Corporativa. (Environmental, Social and Governance),

E1G – Etanol de Primeira Geração,

GEE – Gases de Efeito Estufa (GHG - Greenhouse Gases),

GLP - Gás Liquefeito de Petróleo (verde ou fóssil),

H2V – Hidrogênio verde

HVO - Hydrotreated Vegetable Oil: é um combustível líquido 100% renovável, produzido a partir de biomassa ou resíduos. É um substituto direto para o diesel fóssil e pode ser usado em motores diesel sem qualquer modificação, simplesmente adicionada ou substituindo o combustível fóssil,

IATA - International Air Transport Association

IEA – Internatonal Energy Agency (EUA)

SAF - Sustainable aviation fuel: é uns combustíveis renováveis produzido a partir de biomassa ou resíduos. É um substituto direto do querosene de aviação fóssil e pode ser usado em aeronaves sem modificações, simplesmente adicionando ou substituindo o combustível fóssil.


Referências:


1. Biocombustíveis no Brasil – Fundamentos, Aplicações e Perspectivas

Carlos Augusto G. Perlingeiro (editor) e outros (2014).


2. Combustíveis renováveis para uso em motores do ciclo Diesel – EPE

NOTA TÉCNICA DPG-SDB Nº 01/2020.


3. Fonte de dado entre outras: https://bard.google.com/, base I.A.



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